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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Cemitério da Vila Alpina se transforma em 'cachorródromo' no fim de semana

Uma placa logo na entrada diz: "não é permitida a prática de esportes ou lazer neste local". Antes que alguém que passe por ali tenha tempo de se perguntar qual tipo de lazer se praticaria dentro de um cemitério, vai ver dezenas de cãezinhos correndo felizes e seus donos ignorando solenemente o aviso.


Com 134 mil m² de área verde, o crematório e cemitério da Vila Alpina (zona leste) se transforma em cachorródromo todo fim de semana de sol. Boxers, labradores, pugs e vira-latas latem e babam à vontade no gramado —que é bem distante da área de sepultamento- enquanto os donos aproveitam a sombra de algumas árvores.

O local era tão frequentado por moradores da região que a prefeitura criou o parque Profª Lydia Natalizio Diogo em uma área ao lado, separada do cemitério por uma grade.

Ali, no entanto, não são permitidos os caninos, o que leva os donos a continuar frequentando o cemitério.

"Às vezes o pessoal joga cinzas, o Marley vai farejar e fica com o focinho branco", conta o lojista Romero Santos, que não diz a idade. "Tirando isso, nada mais lembra que é crematório."

Marley, seu golden retriever, não parece se importar com as cinzas ou com o cortejo de vestidos e ternos pretos se dirigindo a um velório.

Para o geógrafo Eduardo Rezende, que já visitou mais de 600 cemitérios no mundo todo, é natural que as pessoas se apropriem do espaço. "São as poucas áreas verdes que restaram na cidade, que sobreviveram à especulação imobiliária."

Ele diz que os espaços poderiam ser melhor aproveitados. "Em Paris, o cemitério Père Lachaise é ponto de turismo e de passeio."

O técnico em aplicação de insulfilme Alessandro Pedroso, 30, concorda. "Faltam parques na cidade; e há ainda menos lugares onde se pode soltar o cachorro", diz ele, que leva seu pug ao local há um ano. "Como do gramado quase não se vê as sepulturas, não tem um clima estranho."

Os frequentadores mais antigos, no entanto, reclamam dos seguranças do local, que até o ano passado expulsavam os cachorros de lá. Segundo o serviço funerário, o passeio só é impedido quando há reclamações de familiares de falecidos. Algo que não tem acontecido, a se observar a quantidade de bichos latindo embaixo da placa de "proibido".

Fonte: A Folha

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